Uma festa julina como outra qualquer: com comidas típicas, pescaria, prêmios e muita gente animada. Opa, mas tem algo diferente para fisgar nesta pescaria? Isto mesmo, são figuras de órgãos como coração, pulmão, rim e fígado! O objetivo do arraial organizado nesta quarta-feira, dia 11, pela Comissão de Captação e Doação de Órgãos do Hospital Centenário, com apoio do setor de Nutrição e Dietética, foi difundir o trabalho da Comissão e sensibilizar os trabalhadores da instituição. O tema da doação começou a ser abordado pela mesa onde foi servida a comida, em que os diversos pratos foram trazidos pelos participantes do arraial para serem compartilhados com os colegas.
Com a presença de pacientes pós-transplantados, a atividade foi realizada nos intervalos de lanche dos trabalhadores, nos turnos da manhã e tarde. As técnicas de Enfermagem Ivani Luísa da Silva Camargo, de 52 anos, Cheila Cristiane da Silva Castro, 44, e Maria Elizabeth Strhoeher, 57, apoiaram a iniciativa. As três se declaram doadoras, porém, admitem que precisam falar mais com suas famílias, deixar evidente a decisão. “É preciso explicar a eles para que não tenham dúvidas”, acredita Maria Elizabeth. Por isso, o trio posou junto para uma foto com os cartazes confeccionados para a ocasião, onde se lê: #eusoudoador e #umsalvaoito.
O Hospital Centenário não realiza transplantes. O trabalho da Comissão consiste na identificação de pacientes com morte encefálica e na abordagem das famílias. Após o consentimento dos familiares, os órgãos são retirados e encaminhados à Santa Casa, hospital referência em transplantes para a Região Metropolitana.
É PRECISO FALAR SOBRE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Um grave problema pulmonar levou o estudante de Fisioterapia João Campello a precisar de um transplante para continuar vivendo. Doador de sangue desde os 18 anos e incentivador da doação de órgãos, o morador de Rio Grande aguardou por cinco anos pelo ingresso na lista de espera e outros 14 meses até a realização do transplante. Transplantado aos 35 anos, hoje, aos 39, João vem intensificando sua mobilização pela conscientização das pessoas e pelo acesso a direitos de pré-transplantados e transplantados.
Ao seu lado, o filho Davi, de 8 anos, é um aliado de peso. O menino já fala sobre o assunto com crianças, na escola. “Ser doador de órgãos é o maior legado que alguém pode deixar, afinal, torna-se responsável pela continuidade da vida de outra pessoa. Comecei a falar sobre isso com estudantes, ainda crianças, como meu filho. Hoje, eles estão difundindo a mensagem entre suas famílias e colegas de escola”, conta.
João é fundador da Associação Riograndina de Pré e Pós-transplantados, integrada por 50 pessoas, entre transplantados e pré-transplantados. Além da busca de apoio para estruturar a associação e ajudar a quem precisa, ele quer a união das demais associações existentes no Estado: “O que falta para um, falta para todos. Penso que devemos nos unir em busca de reconhecimento e apoio das autoridades”, salienta.
À tarde, participaram do Arraial da Doação pacientes transplantados da recém-fundada Associação de Doadores e Transplantados de Portão. Também participaram da atividade enfermeiras da Santa Casa e a enfermeira da Unisinos que acompanha o trabalho da Comissão no Centenário, Andrea Beck.