Em 1º de setembro, o Hospital Centenário realizou a maior captação de órgãos deste ano. A autorização de doação, feita pela família, permitiu que pulmões, rins, fígado e córneas de um homem vítima de AVC seguido de enfarto tornasse possível o transplante a sete pacientes que aguardavam na lista de espera por doadores. No Brasil, mais de 44 mil pessoas aguardam pela doação de um órgão. Cerca de 3.500 desta lista são gaúchos. A espera, muitas vezes, é longa demais. Para debater o tema, o Hospital Centenário realizou, nesta quarta-feira, dia 19, o 4º Workshop de Doação e Captação de Órgãos. Alusiva ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, a atividade lotou o auditório da Oncologia Centenário, e contou com a presença do prefeito Ary Vanazzi, da presidenta do Centenário, Quelen da Silva, do vice-presidente médico, Valmor Ruaro, da vice-presidente de Operações, Lilian Silva, pacientes à espera de transplante, transplantados, e familiares.
A valorização e o fortalecimento do SUS foram aspectos abordados pelo prefeito, que enfatizou a necessidade de financiamento desta política pública para possibilitar o custeio das despesas com ações e serviços. “Hoje, o Brasil é uma referência mundial em transplantes gratuitos de órgãos. O serviço prestado é público e de alta qualidade”, destacou. Vanazzi também referiu a crise financeira enfrentada pelo Centenário que, mesmo passando por sérias dificuldades, presta excelentes serviços, como os da Comissão Intra-Hospitalar de Captação e Doação de Órgãos. O prefeito lembrou do depoimento comovente de uma professora americana que, em passagem a trabalho por São Leopoldo, sentiu-se mal e foi atendida na Emergência do Hospital, na semana passada. “Ela elogiou os trabalhadores do Hospital e afirmou que não teria atendimento melhor em seu país, onde teria que pagar. É por isso que eu sempre digo: O SUS é o melhor serviço de saúde do Brasil e do mundo”, finalizou.
INDENPENDÊNCIA
O fato de ter nascido no dia 7 de setembro rendeu à advogada Anália Goreti da Silva, 59 anos, o prognóstico, da mãe, de que seria uma pessoa independente. Porém, no final de 2007, a descoberta de uma fibrose pulmonar idiopática, com o tempo, a incapacitou de respirar sozinha, colocando-a na dramática lista de espera por um transplante de pulmão. “Foi quando eu perdi minha independência”, relatou. Anália foi uma das pacientes que, em 2017, comoveu muita gente ao falar durante o terceiro encontro sobre doação de órgãos. Movimentando-se com dificuldade, ela veio amparada pela família. O tão aguardado doador surgiu em fevereiro deste ano, possibilitando à Anália participar, nesta edição, com o pulmão que devolveu a ela a tão estimada independência.
Antes do início do evento, Anália conheceu Rochelle Benites, de 41 anos, esportista, mãe de três filhos, com a mesma patologia e a mesma espera. As palavras de encorajamento e entusiasmo da que foi submetida ao transplante e está de volta à vida normal foram bálsamo para a que ainda aguarda por doador. “Digam sim à doação de órgãos, e avisem suas famílias, isso é muito importante”, pediu Rochelle.
COMUNICAÇÃO
Trabalhar com a comunicação de más notícias, e fazer a abordagem à família de um possível doador, são situações que exigem muito preparo das equipes de Saúde, para a melhor condução. O enfermeiro Dagoberto Rocha, da Santa Casa, abordou o tema da comunicação em situações críticas no contexto do acolhimento hospitalar. Segundo ele, os profissionais de Saúde precisam trabalhar com três pilares a relação de ajuda: respeito, empatia e autenticidade. “Embora previsível, a morte nunca é esperada. Então, não podemos reprimir os sentimentos das pessoas. A dor da perda é particular, e não há atalho para passar por ela”, salientou.
No Centenário, a Comissão Intra-Hospitalar de Captação e Doação de Órgãos atua na organização do processo de captação de órgãos, na identificação de potenciais doadores, com abordagem adequada aos familiares, e na articulação do hospital com a Central do Estado, visando ampliação qualitativa e quantitativa na captação de órgãos. A Comissão é presidida pela enfermeira Fernanda Estrella, e tem como integrantes as enfermeiras Gimeni Pires Carvalho, Maria Iolanda Ostermann, Neusa David, Viviane Goetze, a psicóloga Loide Machado, a farmacêutica Raquel Bobrowski, a técnica de Enfermagem Andreia da Silva, e o médico Robson Prates.
[Jornalista Ana Garske | MTb 8443 | Fotos Felipe Barboza| Fundação Hospital Centenário |