COMITÊ PROMOVE AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER A CRISE DO HOSPITAL CENTENÁRIO

A crise financeira do Hospital Centenário, e as medidas de restrição no atendimento, implementadas em razão da negativa do Governo do Estado em ampliar o aporte de recursos para a instituição, foram o tema da audiência pública promovida pelo Comitê Popular em Defesa do Hospital Centenário, na noite desta segunda-feira, dia 6, na Câmara de Vereadores.

A convite do Comitê, o prefeito Ary Vanazzi e a presidenta do Centenário, Lilian Silva, ocuparam a tribuna para explicar as medidas à população, bem como, seu principal objetivo, que é o reequilíbrio financeiro da casa de saúde, através de ações que deverão reestruturar o hospital para o tamanho dos recursos que recebe do Estado e da União.

As medidas, que valerão por 90 dias, consistem no fechamento da Portaria Eletiva; fechamento de 4 dos 10 leitos da UTI adulto, por não serem habilitados, ou seja, para os quais a instituição não recebe recursos do Estado; fechamento de 2 dos 10 leitos da UTI Neonatal, pelo mesmo motivo; e fechamento da clínica cirúrgica, com a transferência de pacientes que realizarem procedimentos de urgência para outra clínica de internação. Ou seja, desde a segunda-feira, dia 6, o Hospital Centenário atende apenas urgências e emergências, gestantes e crianças. Procedimentos eletivos e pacientes que não forem classificados como urgentes, serão encaminhados às unidades de saúde do município. Os atendimentos eletivos estão mantidos somente a pacientes oncológicos.

Antes de apresentar as medidas, Lilian relatou que, no final de 2012, o Estado chamou todos os municípios para aderirem ao financiamento por Orçamentação, o que significa o
financiamento realizado com destinação de recursos suficientes para a viabilização de um conjunto de ações e serviços realizados pelo estabelecimento de saúde, considerando seus custos, a programação de despesas e o total de receitas em um período de tempo determinado. Desta forma, o Estado garantiria a complementação de recursos com vistas ao custeio integral para o hospital que disponibilizasse 100% de seus serviços ao SUS. Ocorre que, na época, o Município de São Leopoldo optou por não aderir à Orçamentação, por oferecer serviços a pacientes com convênios e particulares.

Em 2017, diante do agravamento da crise financeira do Hospital Centenário, e do baixo retorno financeiro de convênios e particulares, cerca de 7%, o prefeito Ary Vanazzi emitiu decreto transformando a instituição em 100% SUS, para pleitear a ampliação de recursos junto ao Estado. Desde então, a atual gestão vem buscando, de várias formas e com diversas parcerias, aumentar o aporte. No entanto, até o momento, sem qualquer perspectiva de novos recursos. “Desde 2017, buscamos alternativas para este drama que se arrasta por mais de 20 anos, e que a cidade não suporta mais”, alertou o prefeito.

Ao relembrar que, em 2018, o Município investiu 32% de sua receita na área da Saúde, e, deste percentual, 17% foram para o Centenário, Vanazzi disse que o Hospital atende a outros 25 municípios, sendo 18 na especialidade de Oncologia, sem repasse justo para a quantidade de serviço prestado. “Não queremos perder o Hospital Escola, mas, na situação em que o Centenário se encontra, corremos corre este risco. Ao contrário, nossa luta é para que a instituição tenha as condições que o curso de Medicina precisa para os seus alunos, para que tenha o melhor programa de residência médica”, enfatizou. Por fim, o prefeito conclamou toda a sociedade para a luta em favor do hospital. “Todos estão convidados, independente de cor partidária, a fazer uma trincheira para ajudar a salvar o Centenário.” .
Jornalista Ana Garske MTb – 8443 | Comunicação Fundação Hospital Centenário

Foto: Valentin Thomaz