A agitação cotidiana nem sempre permite que dediquemos tempo para a autorreflexão e o autocuidado. Por dois momentos, a programação da Semana da Enfermagem oportunizou o exercício da empatia, e do reconhecer-se, por meio da dinâmica dos Círculos de Construção de Paz. Sentadas frente a frente no miniauditório da Oncologia, enfermeiras, técnicas e auxiliares de Enfermagem participaram de oficinas de processos circulares em que a abordagem foi a contação de histórias, na quarta e na quinta-feira, pela manhã.
No centro da roda, uma peça onde foram colocados objetos relacionados às atividades desenvolvidas pela categoria. Munidas de um objeto pessoal trazido de casa, cada uma contou uma história, e ouviu os relatos das colegas. “A ferramenta dos círculos vem sendo muito utilizada em diversos espaços, e fortalece o convívio. É um momento em que as pessoas exercitam o não-julgamento e têm a oportunidade de expressar sua verdade pessoal, em que ficam presentes de forma integral e podem revelar suas aspirações mais profundas, identificar erros e temores e agir segundo seus valores”, explica a assistente social e facilitadora de processos circulares Jaira Garske.
“Foi desafiador. Um momento de muita emoção, em que conhecemos um pouco mais sobre as colegas”, resumiu a técnica de Enfermagem da Pediatria, Suzana Pedroso Corrêa. Para Fernanda Moraes de Almeida, técnica de Enfermagem da Emergência, falar e ouvir foi libertador. “Compartilhamos nossas histórias de uma forma muito bonita.” A coordenadora das clínicas médicas, Sarita Lovato, é da opinião que o processo deveria ser estendido a todos os profissionais da instituição, de A a Z: “Espero que todas saiam daqui semeadoras. Não foi somente um ato de contar nossas histórias, teve muito fundamento”, disse ela.
Os Círculos de Construção de Paz descedem dos tradicionais círculos de construção de diálogo comuns aos povos indígenas da América do Norte. São uma forma de reunir as pessoas em um espaço onde todos são respeitados como seres iguais, com igual oportunidade de falar sem ser interrompidos, contem sua história. São vários os círculos possíveis de serem aplicados: da celebração a uma tomada de decisões, ou à partilha de dificuldades de forma harmoniosa. Portanto, não podem ser entendidos como uma ferramenta a ser utilizada apenas quando existe conflito. Os círculos de construção de paz podem ser realizados em escolas, ambientes de trabalho, comunidades, na família, no sistema Judiciário, entre outros espaços.