Pré-natal adequado e bem conduzido desde as primeiras semanas de gestação, boas práticas assistenciais, cientificamente comprovadas, como a promoção do parto fisiológico, manejo não farmacológico do trabalho de parto, posições de escolha da mulher para o parto, contato pele a pele entre mãe e bebê imediato e contínuo após o nascimento e o incentivo à amamentação na primeira hora de vida, um acompanhante de sua escolha que permaneça junto antes e após o nascimento. Essas premissas do parto humanizado foram abordadas na palestra “Atenção à Humanização do Parto”, promovida em conjunto pelo Hospital Centenário e pela Secretaria de Políticas para Mulheres (Sepom), nesta terça-feira, dia 19, na Câmara de Vereadores.
A vice-prefeita Paulete Souto, a vice-presidenta de Operações do Hospital Centenário, Lilian Silva, e a secretária de Políticas para Mulheres, Danusa Silva, fizeram a abertura da atividade, que reuniu mais cem pessoas, em sua maioria, profissionais e estudantes da área da saúde. Para abordar o tema, foram convidadas profissionais do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), instituição com reconhecido trabalho na humanização do parto, e a Associação de Doulas do Rio Grande do Sul (Adosul). O debate foi mediado pela coordenadora da Maternidade e do Centro Obstétrico do Centenário, Simone Souza.
Modelo colaborativo
A prática do modelo colaborativo do parto, que preconiza a integração do médico, enfermeira e demais profissionais, em que os protagonistas são a mãe, o bebê e a família, foi abordada pela médica obstetra do GHC, Paula de Freitas. “O modelo colaborativo propicia um dos princípios da humanização, que é o respeito ao protagonismo da mulher”, enfatizou. Segundo a médica, no modelo colaborativo, há menor utilização de ocitocina (hormônio que pode ser usado em gestantes que necessitem induzir o parto com indicação médica), menos ruptura artificial das membranas, redução da taxa de episiotomia (corte efetuado na região do períneo para aumentar o canal do parto), e maior utilização de métodos não farmacológicos para alívio da dor.
.Práticas das enfermeiras obstetras
No Hospital Conceição, no ano de 2017, as enfermeiras obstetras atenderam 28% dos partos na Instituição. A enfermeira obstetra Camila Borba da Luz destacou que quem faz o parto são as mulheres, e não os profissionais de saúde (médicos ou enfermeiras obstetras). No entanto, reforçou que a assistência prestada tem influência direta na experiência do nascimento. Ela citou o ambiente privativo e acolhedor, com a presença do acompanhante de escolha da mulher, e a alimentação adequada durante o trabalho de parto, como estímulos benéficos a quem está se preparando para parir. Para auxiliar no alívio da dor, as enfermeiras podem utilizar métodos não-farmacológicos, como banhos de chuveiro e imersão, massagem, bola obstétrica, aromaterapia, musicoterapia, acupuntura, hipnose, técnicas de relaxamento e respiração, aplicação de frio e calor, dentre outros métodos. “O estímulo à deambulação e às posturas ativas no parto também constituem uma estratégia de conforto e estão associados ao alívio da dor no trabalho de parto”, assegurou. Podem, ainda, utilizar métodos farmacológicos: como medicamentos analgésicos, analgesia peridural, analgesia inalatória, entre outros.
Atenção ao nascimento
A primeira hora de vida é um momento especial, é o primeiro encontro da nova família. É um momento sagrado, que deve ser honrado e protegido. Os protocolos hospitalares devem ser modificados para favorecer o contato pele a pele ininterrupto imediatamente após o nascimento para ambos os partos, vaginais e cesáreas. A afirmação é da enfermeira neonatal Michele da Rosa Ferreira. Segundo ela, três práticas simples que têm benefícios imediatos ao recém-nascido e impacto a longo prazo na nutrição e na saúde da mãe e do bebê são: o clampeamento oportuno do cordão, o contato pele a pele imediato e contínuo, e o início precoce do aleitamento materno. “O ideal é que a mãe fique junto do bebê o maior tempo possível. Os cuidados admissionais, o primeiro banho, são procedimentos que podem ser realizados no alojamento conjunto, com assistência da mãe”, diz ela.
Quem é a doula?
A palavra Doula vem do grego e significa “mulher que serve”, sendo hoje utilizada para referir-se à mulher que orienta e assiste à futura mãe no parto e nos cuidados com o bebê. Seu papel é oferecer conforto, encorajamento, tranquilidade, suporte emocional, físico e informativo durante o período de intensas transformações que a mulher está vivenciando. Apesar de o termo estar difundido em nossa sociedade, bem como, a importância do seu papel junto às mulheres e às famílias ser reconhecida, essas profissionais ainda lutam para que sua presença junto à gestante na hora do parto seja aceita nas instituições hospitalares. “A doula não é acompanhante, nós queremos nos ver como parte na equipe de assistência ao parto”, disse a representante da Associação de Doulas do RS, Margela Ferreira. De acordo com ela, as doulas acolhem os anseios das mulheres e podem ser um canal direto entre os profissionais de saúde e as gestantes.
[Jornalista Ana Garske | MTb 8443 | Fotos Felipe dos Santos Barboza| Fundação Hospital Centenário |